Ácido no Oceano Pacífico está literalmente corroendo as conchas dos caranguejos

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Os seres humanos bombearam cerca de 2 trilhões de toneladas (1,8 trilhão de toneladas métricas) de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera desde o início da Revolução Industrial, e o oceano absorveu cerca de 25% dele.

Esse excesso de gases de efeito estufa não apenas aquece o oceano (contribuindo para ondas de calor mais freqüentes e condições climáticas severas), mas também altera a química da água, acidificando-a lentamente e reduzindo a concentração de blocos de construção moleculares usados ​​por moluscos, corais e outras formas de vida marinha para criar suas conchas externas duras. Segundo um novo estudo, essa mistura molecular já está tendo efeitos prejudiciais no desenvolvimento de alguns caranguejos.

Na nova pesquisa, publicada em 22 de janeiro na revista Science of the Total Environment, cientistas marinhos financiados pela Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA) estudaram 50 caranguejos larvas de Dungeness (Metacarcinus magister) coletados em 10 locais próximos à costa do Pacífico dos Estados Unidos e do Canadá. No geral, os caranguejos coletados mais perto da costa, onde os oceanos tendem a ser mais ácidos, estavam em muito pior forma do que os caranguejos coletados mais longe no mar.

A acidificação corroeu as conchas das larvas, prejudicou seu crescimento e, em alguns casos, danificou ou destruiu os minúsculos órgãos sensoriais dos animais, conhecidos como mecanorreceptores. No total, escreveram os pesquisadores, a acidificação deixou as larvas menores, mais fracas e com menor probabilidade de sobreviver até a maturidade.

A condição desses caranguejos - que são uma importante fonte de alimento para seres humanos e outras criaturas marinhas - deve ser um alerta para os perigos da acidificação, disse a autora do estudo, Nina Bednarsek, à CNN.com.

"Se os caranguejos já foram afetados, precisamos realmente prestar muito mais atenção a vários componentes da cadeia alimentar antes que seja tarde demais", disse Bednarsek, cientista sênior do Projeto de Pesquisa de Água Costeira do Sul da Califórnia.

No novo estudo, Bednarsek e seus colegas investigaram cada caranguejo larval usando uma variedade de métodos, incluindo microscopia e espectroscopia de raios-X (uma técnica que usa raios-X para determinar a composição química de um objeto).

A equipe notou "deformidades estruturais" claras nas conchas das larvas de caranguejo coletadas nos habitats mais ácidos. Essas deformidades poderiam tornar as larvas menos protegidas contra predadores. Esses mesmos caranguejos de locais ácidos também tendiam a ser menores do que os de ambientes menos ácidos, e alguns estavam perdendo alguns de seus mecanorreceptores parecidos com pêlos, que os caranguejos usam para navegar no mar.

Os efeitos foram mais graves em caranguejos que passaram mais de um mês vivendo em águas costeiras ácidas. A razão para isso, escreveram os pesquisadores, é que as águas mais ácidas têm menos íons carbonatos, os tijolos moleculares que os moluscos e os corais usam para construir seus exoesqueletos. Outros animais marinhos, como amêijoas e ostras, contam com os mesmos íons para prosperar.

Se esses animais estão sendo prejudicados da mesma forma pelo oceano acidificante, isso pode causar um problema na cadeia alimentar, disseram os pesquisadores. De qualquer maneira, disseram eles, a única solução é reduzir as emissões de carbono o mais rápido possível.

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